Morrer era, para aquele menino, morrer mesmo.
Hoje eu morri, e antes dos quarenta. Morri para um modo de vida velho e vicioso.
Ser ponderado depois de velho, pensava, não teria muitos méritos, embora seja melhor desencarnar sabendo, que na ignorância.
Foi na adolescência que decidi entender a vida antes dos quarenta. Foi uma grande luta, muito sacrifício, muita meditação, muita reflexão, muitas decepções, mas entendo a eternidade, o infinito, o cosmo, a existência, e isso, caros irmão, não tem preço, vale cada segundo de dedicação. É preciso querer morrer por isso, é preciso morrer para isso. Para conhecer a verdade é preciso sacrificar tudo! Até mesmo sua própria existência. Porque é morrendo que se vive a vida eterna. Morrendo para este velho ponto de vista humano, para o egoísmo exacerbado da posse e do desejo, infantil, de parecer mais e melhor que os demais. Quem tem a melhor roupa, quem tem o melhor carro, quem tem mais poder?
O ser humano é presunçoso e arrogante, e precisa mesmo de muito pouco para isso, os egípcios antigos já se consideravam deuses! Uns seres se consideram melhores que outros. Isto sim é ser infantil.
Não tenho nada e não sou melhor que ninguém. Sou apenas eu, e Deus nunca me prendeu.
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