Decidi contar o que está havendo comigo.
Embora creia que isto não interessa a ninguém, ainda assim
vou relatar.
Tenho um problema que nunca foi diagnosticado direito. E
que, na falta de terminologia médica, refiro-me a isto dizendo que o “meu
cérebro para”. E para! E pronto.
A primeira vez que passei por isso Foi em 1993, quando
fiquei por nove meses trancado no quarto sem falar nada, com ninguém, sem
pensar direito, sem poder tomar decisões, sem sentir nada. Completamente
apático. De relho vinha a família a me chamar de vadio e vagabundo por não
fazer nada. O suicídio sempre foi minha melhor opção, mas inválida. Não
resolveria nada.
Depois de nove meses, decidi, por teimosia, fazer alguma
coisa, e fui para a rua, por quase um ano (1994) consegui trabalhar direito,
então o problema voltou. E o problemas recomeçaram, e se seguiram e se
empilharam. Semanas eu conseguia trabalhar, semanas que meu cérebro dormia
mesmo desperto, meu cérebro não funcionava.
Em 2001 eu já tinha 4 filhos e até 2003 já havia sido preso
4 vezes, por processos de pensão alimentícia. Passei dez dias em um presídio
junto com marginais de toda sorte, ou má sorte.
Tentei ir para a faculdade. Quase deu certo. Mas em 2007 meu
cérebro “travou” de vez. E não funcionou mais direito, o que resultou em minha
falência completa. Não se trata de ter uma visão distorcida da realidade, mas
que o cérebro para. Não há raciocínio nenhum, depois de dormir por dias, volto
ao normal. Normal por uns dias.
De forma que não posso assumir compromissos de nenhum tipo,
pois nunca sei quando estarei em condições de agir, quando meu cérebro estará
“funcionando” (para usar uma terminologia mecanicista).
Sou muito lúcido, tenho plena consciência da realidade e da
minha situação e do meu sofrimento.
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Psiquiatras têm atestado que sou hiperativo, bipolar, e
transtornos vários. Tenho mesmo uma hiperatividade mental, penso mil coisas por
minuto. E estando bem sou bom em resolver problemas. Sinto que minha atividade
mental bem parecida com a personagem Sherlock Holmes que pensa muito e muito
rápido, tenho consciência de uma percepção extra-sensorial muito aguçada, o que
me faz sofrer muito se estiver em meio a muita gente.
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Os efeitos disso tudo são dores musculares, por vezes fico
dois três dias sem dormir por causa das dores, outras vezes durmo três, cinco
dias sem parar.
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Resultado: estou falido e desacreditado. A família não
entende o que se passa comigo, cada um tem seus próprios problemas e eu virei a
batata quente do pedaço. Não sei o que fazer, não tenho para onde ir, e ninguém
para ajudar, com exceção de alguns amigos que entendem o que se passa comigo.
Os detalhes da minha vida dariam um livro bem volumoso, isso
se alguém se interessasse na vida desgraçada de um pobre diabo.
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Minha jornada
me transformou, matei o homem que era e tomei seu lugar. Matei quem eu era e me
transformei neste desconhecido.
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